por Renan Peruzzolo A Constituição Federal Brasileira, no Art. 5º, assegura: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qua...

por Renan Peruzzolo

A Constituição Federal Brasileira, no Art. 5º, assegura:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Desde o nascimento de um ser humano, quando somos literalmente enxotados, por nossa própria vontade, do lugar ao qual foi o melhor ambiente que se pôde estar, no qual, mesmo que não saibamos, ou seja, não tenhamos a plena consciência¹ de que temos vida a partir da cópula das células reprodutoras (espermatozóide e óvulo), uma carga histórica começa a ser construída.

Antes mesmo de conseguirmos pensar em situações mais complexas, distantes das de compreender que uma maçã é uma maçã, somos inseridos na sociedade de forma jurídica por meio da Certidão de Nascimento, que além de ser um documento de identificação, é a primeira garantia de cidadania e direito a todos os brasileiros.

Porém, será que a validade para o termo definido de Cidadania encontra-se somente como aspecto jurídico, ou seja, somos cidadãos somente perante a lei quando fazemos parte de uma sociedade ou pertencemos a tal cidade?

Um embate muito grande nessa esfera de pensamento acontece quando o termo liberdade², como a de expressão, por exemplo, é vista como libertinagem³, ou seja, quando fazemos parte de uma esfera social mais abrangente, como a cidade, estado, etc, somos vistos como cidadãos, mas até mesmo nas simples relações familiares, é preciso haver bom senso de todos que fazem parte do processo de discussão para, enfim, chegar a um acordo no qual todos saiam satisfeitos com o resultado.

O que ocorre, de fato, é que quando qualquer cidadão é julgado pela “Justiça”, que é regida pelas leis, não se considera a carga histórica individual. Além disso, muitas vezes, consagra-se a ideia de que a teoria é uma e a prática é outra, sendo que nesses casos a carga histórica que influencia na causa é a de quem julga, pelo fato de ter vivido em meio a certa cultura que condena tal prática a ser julgada.

Em concepção, o que deveria ocorrer, como segue os preceitos de Justiça desde a Grécia Antiga, representada pela deusa Têmis, por meio da qual a justiça é definida, no sentido moral, como o sentimento da verdade, da equidade e da humanidade, colocado acima das paixões humanas, ou seja, está vendada significando justamente a imparcialidade.

Assim como em muitos países a maconha (cannabis) é uma substância legal para consumo, o indivíduo que a consome tem liberdade de fazê-lo, desde que seja cadastrado pelo Governo e compre a ‘droga’ proveniente do mesmo e/ou tenha licença para plantio. Caso esse do Uruguai. Em muitos outros países essa tomada de decisão do governo uruguaio, que na época era presidido por José ‘Pepe’ Mujica, parece ser uma afronta aos preceitos de vida, contudo em ambos os cidadãos estão cumprindo as leis, ou seja, efetivando seu papel de cidadão.

A questão que segue é a seguinte: O que precede os valores de cidadania? Somos consultados, dentro da liberdade de cada um, se é de vontade própria seguir esses preceitos de Cidadania?

Como dizia Montesquieu: “Liberdade é o direito de fazer tudo o que a lei permite.”

A resposta encontra-se com breve reflexão do que é a vida em sociedade. No entanto essa questão não se resume em lei, por mais que haja e seja muito bem lembrado que todos têm direitos e deveres, mas sim, dentro da consciência de cada um, de que é importante sentir empatia. Percebe-se nesse momento que todos temos uma identidade que vai muito além de um nome, um número, há uma personalidade que ainda pode ser desconhecida  devido a dificuldade de auto-conhecimento, mesmo assim, torno ao início, essa construção se inicia dentro do ventre, através das experiências maternas que o feto sente juntamente e isso pode acarretar em inúmeros aspectos no indivíduo futuramente.

E onde está a Justiça em meio a isso tudo?

Pode parecer que estou eximindo a parte que condiz com os deveres de possíveis indivíduos vistos como ameaça à sociedade e, de fato, talvez o possam ser, mas deve-se pensar também que, por mais que depois de certa idade todos, por meio da sociedade, saibam as definições de ‘certo e errado’, o indivíduo se comporte de certa forma simplesmente por ele ser assim. As pessoas são diferentes e, por incrível que pareça, é justamente isso que nos torna iguais perante a lei, que é colocada como forma fixada deste preceito.

Émile Durkheim já dizia que a sociedade, como tal o é, tem participação direta na formação do indivíduo que vem ao mundo, ou seja, “A sociedade constrói o indivíduo’, partindo do princípio em que a sociedade está evidente ao correr dos tempos e o indivíduo nasce em meio às transições de funcionamento da mesma que são regidas através de uma cultura, tradição. O ser absorve e torna-se apenas uma engrenagem dessa máquina tão complexa, porém esse pode não se adequar a esse modo de funcionamento, pois é aí que surgem os problemas. Por meio desse pensamento, percebe-se que a sociedade é mais ‘forte’ e que o indivíduo sozinho não é capaz de transformá-la de acordo com seus ideais, por isso da importância de compreender o fundamental sentimento de empatia do ser único para com o corpo social. Obviamente que o Estado e/ou os grupos sociais não podem exprimir o indivíduo, pois é justamente aí que surgem os, ditos anteriormente, seres ameaçadores da harmonia social.

A partir do momento em que o indivíduo fica a par da ‘definição ideal’ de cidadão, mesmo não o sendo, ele se torna uma ameaça ao ‘bom funcionamento’ da política(gem) do ‘manipulador’. Mesmo quando há a política (democrática) de fato, o indivíduo, por se sentir fora do projeto de vida social e contribuinte com seu potencial (e não somente como contribuinte financeiro), pode sim se tornar uma ameaça, se o mesmo já tiver inclinações para cometer delitos o fará sem remorso.

O indivíduo pensante, que pode ser denominado de Governante Potencial, também pode ser considerado ameaçador, pois incomoda a ‘harmonia’ que, principalmente, os detentores do poder almejam, sendo que os ‘bons cidadãos’ são aqueles que se comportam de forma submissa, não somente como mão-de-obra, mas também em ideais (pensamentos), concorda com tudo que lhe é imposto.

Nesse contexto os interesses deveriam ser apenas socais, coletivos e não individuais ou privados, como ocorre muitas vezes. É preciso lembrar que cidadão é todo e qualquer indivíduo pertencente (que faça parte) à cidade (sociedade em termos gerais), portanto o rico, o pobre, do político ao pedreiro têm os mesmos direitos e deveres.

Então, podemos considerar que o complexo é muito mais abrangente e necessita de muitos estudos para se chegar a uma hipótese convincente de como se fazer justiça, devido às diferenças que há em uma sociedade.

¹.  1.Conjunto formado pelos fatos psíquicos e pela atividade mental de que há consciência clara, por oposição ao subconsciente; 2. Que sabe o que faz; 3. Que tem consciência da própria existência; 4. Cujo sistema nervoso central que permite pensar, observar e interagir com o mundo exterior.
². 1. Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem; 2. Condição do homem ou da nação que goza de liberdade; 3. Conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão.
³. Devassidão.

por Rogerio Arão Severo Ramos Qual tua rotina?   Qual teu destino?  Quanto de tempo disponho para meu semelhante ou para mi...

por Rogerio Arão Severo Ramos

Qual tua rotina?   Qual teu destino?  Quanto de tempo disponho para meu semelhante ou para mim? Quanto de dinheiro posso usufruir ou doar? Aonde se encontra minha percepção ou meu limite? Porque quando meu time sai campeão sinto na alma a alegria do atacante  e porque não percebo na alma a fome do meu irmão?  Estaríamos nós fadados a sermos controlados pelo determinismo  ou pela ânsia de um futuro incerto?
 
Muitos conceitos se aplicariam a tais questionamentos, mas onde estaria a raiz das diferenças que nos perturbam pela inabilidade  de pensarmos  e agir corretamente? Porque é tão complexo administrar nosso pensar ?
 
Provavelmente estejamos perdendo nossa matrix  perceptiva anulando desta forma a nossa  maneira de nos relacionarmos com o ambiente, ou seja estamos agindo inconscientes e inconsequentemente, pessimismo à parte a atitude e a vontade deveriam prevalecer  neste contexto.
Ao perdermos  gradualmente a capacidade de adquirir , experimentar de fato, de identificar e observar a verdade apresentada pela natureza em sua simplicidade nos desconectamos  da essência.
Apresentam-nos um mundo externo de bilhões de anos-luz, sendo que o universo está em nosso interior, para onde nos levam ou de quem fugimos?
 
Somos tudo que existe em um só corpo, tudo é transformação permanente. Passamos por algumas grandes  revoluções  entre elas a descoberta da semente gerando a agricultura, seguida de uma revolução industrial e agora segundo cientistas a revolução do conhecimento que paradoxalmente afasta os mais próximos e aproxima os mais distantes e porvir a revolução do pensamento com feitos hoje pouco aceitáveis como tele-transporte  e conversas  telepáticas entre os humanos e assim esperamos que o pensamento se manifeste  em ótimas frequências  sua potencialidade e oxalá ela venha acompanhada da (r)evolução do auto-conhecimento profeticamente exaltada por Sócrates.
 
Estamos com dificuldades de entender nossas crianças, vizinhos, amigos e companheiros, estamos sendo o alvo neste mar de indiferenças e o pequeno grande detalhe vai estar na percepção e na forma fazermos  a mudança necessária para melhorarmos nosso mundo real e acreditar com fé messiânica não na vinda de um profeta, mas na nossa capacidade de AÇÃO e RECUPERAÇÃO.

por Ricardo Luis Reiter     Cada dia fica-me mais claro que a melhor definição, mesmo que seja por um exemplo, sobre o que é hipocrisia...

por Ricardo Luis Reiter
    Cada dia fica-me mais claro que a melhor definição, mesmo que seja por um exemplo, sobre o que é hipocrisia política, é aquela que nos foi deixada por Renato Russo. O líder da banda Legião Urbana assim cantava (e hoje nós ainda repetimos, como se fosse uma mantra sagrado): Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação. Logo após, vem a derradeira pergunta: Que país é esse? E os fãs tem a audácia (ou será criatividade?) de responder: é a p### do Brasil.
     Dando continuidade ao tema que já iniciei no texto que foi uma introdução política[1] (ou ao menos, à minha compreensão política), hoje avançaremos em nossa discussão e analisaremos e aprofundaremos a seguinte questão: o que leva a Política a curvar-se aos interesses políticos? Ou, dito de outra forma, quais as consequências da Política curvar-se aos interesses políticos?
       E aqui preciso fazer uma pequena nota.
      Referir-me-ei aqui ao termo Política no que diz respeito ao conjunto de leis de determinado setor (ou a soma dos conjuntos de leis de todos os setores). Por exemplo, Política de Educação diz respeito ao conjunto de leis que regulamentam e direcionam o modelo, ou modo da educação ser pensada e executada dentro de um território. O mesmo acontece com a Política da Assistência Social, Política de Segurança Pública, Política de Habitação, etc. Diante disso, quando eu usar o termo Política estarei me referindo ao conjunto de todas as Políticas específicas. Em outras palavras, em termos mais filosóficos, Política irá se referir ao contrato social que rege as condutas dos cidadãos dentro de determinado território, bem como as contrapartidas oferecidas pelo governo. Pode parecer confuso, mas durante a leitura ficará mais claro e essa noção geral será facilmente compreendida.
Há uma categoria de pessoas felizes. Essas pessoas felizes no Brasil seriam aquelas que acreditam profundamente, e são muitas pessoas acreditam, que a corrupção está a encargo de um partido. As pessoas que acham que a corrupção está a cargo de um partido, e que bastaria tirar esse partido do poder, para que o reino da justiça e da igualdade se instalasse no país, são pessoas muito felizes. São pessoas que substituíram cultos como do Papai  Noel e do Coelhinho pelo culto da corrupção isolada. E quando eu digo isso, eu não estou dizendo que um ou outro partido não são notáveis pela corrupção. Estou dizendo aquilo que venho dizendo seguidas vezes em muitas manifestações na televisão ou em textos, que a corrupção que Hamlet nota começa no leito da sua mãe na Dinamarca. A microfísica do poder. A corrupção começa no andar pelo acostamento. A corrupção começa no recibo de dentista comprado para entregar um Imposto de Renda. A corrupção continua no atestado médico falso entregue pelo pai para justificar o filho, que apenas vagabundeou para a prova. A corrupção continua com o colega que, na aula de ética política em filosofia, assina a lista pelo colega, estudando Espinoza e a sua ética. A corrupção continua em todos os lugares, é apenas numa ponta do iceberg, como último elemento da corrupção, ela chega a um partido, a um governo e a um poder. Se a corrupção fosse de um grupo, eu seria um pessoa profundamente feliz. Rejeitaria Hamlet, adotaria Paulo Coelho, seria uma pessoa absolutamente tranquila, porque a partir desse momento, eu teria consciência de que eliminando aquelas pessoas que são do mal, eu estaria livre. Hamlet vai percebendo que o mal vai por todos os lados, inclusive nele e a consciência, como ele diz no seu mais famoso monólogo, ele vai dizer a consciência nos torna covardes.[2]
    A democracia brasileira (e na verdade, todos os modelos de governo brasileiro) carregam o estigma da corrupção. Há aqueles que defendem que a ditadura foi o governo menos corrupto que nosso país experimentou. E isso é facilmente compreensível. Não havia internet, tudo era mascarado, a mídia estava ao lado do governo, a oposição era silenciada (basta lembrar da célebre canção de Chico Buarque e Milton Nascimento – Cale-se) e os poucos documentos foram destruídos. Sem registro ou alguém para contar a história, a mesma pode ser recontada como convém. Fato é que a democracia atual, unida ao poder de comunicação das redes sociais permite reações maiores e espontâneas ao que é revelado.
   A análise de Karnal, fundamentada em Hamlet, revela uma verdade que poucos dão-se conta. Em primeiro lugar, a corrupção não é algo que diga respeito apenas ao partido político que está no poder. Ela se enraíza na Política em sua base. Mas deixemos esse primeiro ponto a ser discutido um pouco mais adiante. Em segundo lugar, a corrupção penetra a todos. Todo homem tem seu preço. Alguns possuem um preço muito baixo e são mais suscetíveis a serem corrompidos. Outros possuem um preço muito alto e torna-se desinteressante tentar corrompê-los. Mas todos temos nosso preço. A prova disso está no modelo político: toda figura política foi alguém comum alguma vez. Qualquer um pode galgar os degraus da política. E quanto mais subir, maior será a oferta pela sua corrupção.
     Mas eu apresentei que analisaríamos o porquê da Política curvar-se aos interesses políticos. E aqui voltamos novamente ao primeiro ponto, sem perder de vista o segundo. Fato é que o modelo político brasileiro, ou a democracia brasileira (e isso é comum em todas as democracias) é um espelho da sua sociedade. Se hoje a estrutura política brasileira está corrompida é porque, em primeiro lugar, a sociedade está corrompida. Porque duas são as portas de entrada da corrupção dentro da estrutura governamental de um Estado. A primeira é elegendo pessoas que tenham um preço muito baixo. E aqui não existe muito o que possa ser feito para prever se o candidato irá ou não se corromper. A segunda porta de entrada diz respeito as nossas corrupções pessoais. E aqui sim nós podemos agir. Karnal apresenta exemplos de corrupção diárias. Momentos do nosso cotidiano em que lançamos mão do famoso jeitinho brasileiro. Mas o brasileiro, que tanto protesta contra a corrupção, lança mão de artimanhas que usam da corrupção para serem efetivas para facilitar seu dia a dia. Eis a hipocrisia política. Voltarei a ela para fechar esse artigo muito em breve.
      Eu, entretanto, vou analisar agora como a Política deixa de cumprir seu papel e passa a servir aos interesses políticos. E o farei aqui de uma forma um tanto acusatória. A Política, indiferente de qual das áreas (saúde, segurança, educação, assistência social, previdência, etc.) é executada por pessoas comuns que, geralmente, desempenham seu papel como agentes da Política, através de nomeações em concursos públicos. Até aqui nenhuma novidade. E se funcionasse assim, a Política não se curvaria, ou seriam muito menos propensa a curvar-se aos interesses políticos. A realidade, no entanto, não é nenhum mar de rosas. Acontece que a Política, indiferente de qual área, está nas mãos de pessoas cujo preço é muito baixo. É discrepante o número de concursados que, em sua posse, visitam gabinetes de deputados e filiam-se a partidos políticos, buscando vantagens como redução de carga horária, benefícios que não lhe cabem ou o famoso CC (cargo de confiança) para uma familiar próximo. É exatamente aqui que a Política começa a se submeter, a se curvar aos interesses políticos partidários. Porque nenhum benefício vem de graça. Chegará o momento da cobrança. E aquele que se vendeu não poderá dizer não. Terá que ir contra ao que está previsto na Política para satisfazer os interesses partidários daquele que lhe conseguiu benefícios. É aqui que a corrupção penetra nas bases do modelo político brasileiro. No ato de cada funcionário público que não cumpre com seu dever. E que dever é esse? Garantir que a política seja aplicada de forma a garantir o acesso da população a ela.
       Mas o que vemos são inúmeras crises em várias secretarias e ministérios. Rombos atrás de rombos. Prefeituras com mais da metade de seu orçamento comprometido com a folha de pagamento da “máquina pública”. Excessos de cargos de confiança, alguns até chegam a ser ridículos, pois nem escondem o seu verdadeiro papel, como é o caso dos articuladores políticos regionais.
       A realidade das secretarias e ministérios, corrompidos até sua raiz, seriam um deleite para autores como Maquiavel. São tantas manobras políticas, tantos cargos prometidos, tantos favores devidos, que não é de se espantar que pouco ou quase nada funcione de forma medíocre. Sim, medíocre, porque o que não é medíocre simplesmente é ridículo. As diversas Políticas não conversam. As secretarias e ministérios não conseguem sentar e criar metodologias em conjunto para a aplicação de suas respectivas Políticas. A população fica à mercê de um funcionalismo público corrupto, mal humorado e sem nenhuma pretensão de cumprir seu papel.
      E por fim, voltamos a hipocrisia política. O cidadão que reclama dos péssimos serviços é também aquele que, ao invés de acionar os órgãos de defesa ao consumidor, acaba optando por “molhar a mão” de quem está lhe atendendo, lançar mão de influência política partidária, buscar brechas para facilitar seu atendimento... Por não ter estudado política, proclama em alto e bom tom que não gosta de política e portanto não tem obrigação de estudar ou ler sobre política. Torna-se assim um analfabeto político que age como um hipócrita político, batendo panela que foi comprada sem nota fiscal, usando camisa da seleção comprada dos “camelôs”.
“Ninguém respeita a constituição, mas todos acreditam no futuro da nação.”



[1] REITER, Ricardo Luis. Analfabeto político: para que (m) serve? – introdução ao pensamento político. Disponível em http://blogdokadoreiter.blogspot.com.br/2016/03/analfabeto-politico-para-que-m-serve.html
[2] KARNAL, Leandro.Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GJ2gx1SCUiM a partir de 31min e 45 seg.



        por M arcelo Teixeira de Jesus               O atual momento político no Brasil se mostra preocupante, pois vivemos uma crise ...

        por Marcelo Teixeira de Jesus

              O atual momento político no Brasil se mostra preocupante, pois vivemos uma crise de credibilidade dos poderes institucionais. Parece que nenhum dos três poderes se salva nessa crise. O executivo envolvido em denúncias de corrupção, apesar de as provas não atingirem a presidente da república; o congresso sendo presidido por um político que responde a processo no STF; o senado sendo presidido por um senhor cuja índole não parece ser das melhores; um judiciário com juízes que parecem querer fama ou virarem estrelas.
            No início do mês de março a justiça brasileira autorizou a condução coercitiva do ex-presidente Lula. É claro que ninguém está acima da lei, mas essa medida foi desproporcional, pois o ex-presidente nunca se negou a depor. Vazamentos de informações tanto da Polícia Federal, quanto do judiciário acontecem comumente. Liberações de escutas telefônicas envolvendo a Presidente da República, conseguidas de forma irregular, são alguns exemplos de como alguns juízes estão agindo, agindo como justiceiros, mas eles devem, ou deveriam, cumprir o que diz a legislação. No dia 17 de março, Lula assumia posse como ministro chefe da casa civil. A partir desse fato houve uma enxurrada de liminares que ora cassavam seu mandato, ora permitia que ele assumisse o cargo.Essa “confusão” durou até a decisão do ministro Gilmar Mendes do STJ cassar definitivamente a posse de Lula.
            No dia 13 de março houve diversas passeatas pelo Brasil pedindo o impeachment da presidente Dilma. O pedido de abertura de processo de impeachment da presidente Dilma foi aceito pelo presidente do congresso nacional em dezembro do ano passado. O que há de estranho nessa história é Eduardo Cunha, presidente da casa, só ter aceito o pedido de impeachment depois que o Partido dos Trabalhadores (PT) informou que não votaria a seu favor na comissão de ética no congresso. Até que ponto se pode considerar que Eduardo Cunha agiu com honestidade para aceitar abertura do processo de impeachment, ou se agiu por vingança, pois o mesmo já havia negado vários pedidos de processo contra a presidente Dilma. As passeatas do dia 13 de março se dizem apartidárias. No dia 18 de março tivemos passeatas pró Dilma, que foram chamadas por partidos que compõem a base governista e centrais sindicais ligadas ao PT. Essas passeatas mostraram claramente que o Brasil está divido.
            Essa atual dicotomia que vivemos poderia abrir espaço para uma direita ultraconservadora. A crise institucional que vivemos no momento faz surgir velhos fantasmas da nossa história. Um desses fantasmas seria a volta da ditadura militar no Brasil. O período da ditadura militar, que contou com o apoio de vários segmentos da sociedade civil brasileira, foi terrível para a sociedade brasileira:pessoas desapareciam, ou eram torturados, os direitos civis foram cassados. É um período negro na História do Brasil. E muitas pessoas que viveram esse período querem o retorno dos militares ao poder, jovens que também não viveram essa época se iludem com a “maravilhosa sociedade brasileira” dessa época. É triste saber que pessoas querem o retorno de uma ditadura que matou e torturou pessoas.
            Ademais, há políticos, eleitos que cumprem mandato, que defendem uma linha de governo ‘linha dura’, que é o caso do deputado Jair Bolsonaro, capitão da reserva do exército brasileiro. O deputado Jair Bolsonaro é conhecido por suas declarações machistas, racistas e homofóbicas. Ele já declarou que será candidato a presidente em 2018. Entre suas declarações está uma em que ele diz “bandido bom é bandido morto”, entre outras. Bolsonaro não se preocupa em como resolver o problema da criminalidade no Brasil e nem apresenta propostas que possam solucionar os problemas sociais do país. Além disso, se une a políticos tão retrógados quanto ele, como o deputado e pastor Marco Feliciano. Feliciano já demonstrou interesse em participar como vice na chapa de Bolsonaro em 2018.

            O atual cenário político brasileiro pode fortalecer a nossa democracia, contudo pode nos levar a uma crise sem precedentes, caso a direita ultraconservadora consiga chegar ao poder por uma via democrática. Caso eles consigam isso acharão que estarão legitimados a fazerem o que quiserem. 


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por Myra Soarys Somente uma laranja. Não saberia se era pra ser sempre assim ou se assim nasceria, mas nasceu… Em uma bela manha foi ge...

por Myra Soarys

Somente uma laranja. Não saberia se era pra ser sempre assim ou se assim nasceria, mas nasceu… Em uma bela manha foi gerada, coisinha pequena que logo deu corpo, vistosa, aroma de laranja… 

Fui pega no pé, era frutinha pequena, me sentia triste por largar a família das minhas raízes, queria cair das mãos que me sequestraram. Mas eu nada podia fazer além de só olhar a separação da minha pequena família erguida a cada galho, ali se dissipando de mim.   

por Ricardo Luis Reiter O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos polític...


por Ricardo Luis Reiter

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
BRECHT, Bertolt
         O grande mal, ao meu ver, não é um governo corrupto, nem tampouco a falta de um alinhamento político dos partidos. O problema, assim parece-me, é de outra ordem. De outra instância, poderíamos dizer também. Não falta ao Brasil partidos ou políticos; aliás, temos em excesso até. O que falta é, antes de mais nada, é um compromisso com a política. Porque política não é algo que dependa de partidos políticos. Política diz respeito às leis gerais que regem nosso contrato social. Política é o que nos permite viver em sociedade. Então, é inviável alguém defender a máxima: “eu odeio política”. Tal cidadão, em análise substancial, está dizendo: “eu odeio viver em sociedade”. Em suma, ou ele é um caso máximo de egoísmo, ou ele tem sérios problemas de saúde mental.

Bom dia! é com alegria que viemos por meio deste anunciar nossa primeira semana temática do Filosofia do Cotidiano! E nossa pri...

Bom dia!



é com alegria que viemos por meio deste anunciar nossa primeira semana temática do Filosofia do Cotidiano!

E nossa primeira semana será sobre política, trazendo, diariamente, as 15 h, produções que visam esclarecer e expandir nosso horizonte sobre a compreensão política do cenário atual.

Já que política é algo que não se deve discutir em sala de aula, vamos dicutí-la aqui!

Façam bom proveito desse espaço!

At.

Ricardo Luis Reiter
Bacharele  Licenciado em Filosofia
Responsável Geral
Filosofia do Cotidiano

Por Ricardo Luis Reiter Seu nome é Jesus Cristo e passa fome E grita pela boca dos famintos E a gente quando o vê passa adiante...


Por Ricardo Luis Reiter

Seu nome é Jesus Cristo e passa fome
E grita pela boca dos famintos
E a gente quando o vê passa adiante
Às vezes pra chegar depressa à igreja
Seu nome é Jesus Cristo e está sem casa
E dorme pelas beiras das calçadas
E a gente quando o vê aperta o passo
E diz que ele dormiu embriagado

por  Izabela Remor Um apelo a Kafka e Joe. Há alguns dias atrás comecei a esboçar este artigo com um relato provavelmente inc...


por Izabela Remor


Um apelo a Kafka e Joe.
Há alguns dias atrás comecei a esboçar este artigo com um relato provavelmente incomum à sociedade. Tinha eu, uma barata de estimação. Mas o simples mencionar do fato me fez parecer uma dúbia intelectual.



É começo de madrugada, como sempre, a visita ao banheiro não provoca estranheza, porém o visitante ali presente talvez. A barata de Franz Kafka nunca me provocou repulsa. Apesar de sua aparência incomum, por ser de um tamanho muito grande, de cor canela e uma mancha mais clara em formato de uma folha (como da bandeira do Canadá) em sua cabeça, nada ali naquela barata me fazia sentir, senão, indiferença. Refleti durante alguns dias sucessivos de sua visita que, de uma perspectiva psicológica eu não havia criado medo necessário dela, nem mesmo um nojo como de praxe na maioria das pessoas. Busquei pela memória situações da infância que envolvesse tal figura, e não me recordo ainda de qualquer dia minha mãe, ou alguém do núcleo familiar, fazer um escândalo por tal inseto. Tão pouco também, de ter presenciado algo de extrema ojeriza. Pelo contrário. Ainda nos anos 90 era comum na sessão do SBT a noite passar o filme Joe e as Baratas, que deveras eu achava divertido! Aquelas baratinhas falantes e amigas, quem não simpatizaria com elas enquanto ainda crescia? Ao contrário das aranhas, que não precisava chegar até a ficção para me causar pânico e, preciso frisar que ainda continua. Aí encontrei uma lembrança notável: próximo aos cinco anos de idade uma aranha invadiu o meu banho, descendo, gigantesca pela parede e me aterrorizando. Até hoje eu odeio aranhas, de todos os tipos, formatos e tamanhos e durante essa semana, depois de quase 20 anos pude entender o motivo. Uma razão tão simples, provocada por um momento de solidão enquanto escovava os dentes e olhava pra aquela barata. Que triste é a verdade e a consciência, quando encontramos respostas cabíveis aos atos desnecessários e falhos, principalmente do passado.

Por Guilherme Wermann Ancorei em algum lugar do passado. Preferi ficar a deriva das pequenas ondas de lembranças que me bala...


Por Guilherme Wermann

Ancorei em algum lugar do passado. Preferi ficar a deriva das pequenas ondas de lembranças que me balançavam o meu convés. O vento calmo das certezas sempre me deu uma sensação de segurança, mesmo que por algumas vezes, fosse falsa. 

O mar lá adiante me parecia tão agitado, perigoso, incerto. Só de observá-lo eu tinha a impressão que ele me faria naufragar diante das suas tempestades, afogando toda a tripulação de sentimentos que trazia em mim. Ele parecia querer me devorar. Afundar em esquecimento aquilo que um dia eu chamei de existência. O futuro sempre me assustou. E ao mesmo tempo em que tentava evitá-lo, eu acabava por fazê-lo presente. Ele era o ponto de interrogação no final das minhas frases, a linha em branco no final dos meus textos.

Ele estava ali diante dos meus olhos, independente do mapa mostrar ou não pra onde ele me levaria. Ele simplesmente estava ali. Tão presente que eu quase podia tocá-lo, e ao mesmo tempo tão ausente que não conseguiria descrevê-lo. O simples ato de imaginar o que o futuro me reservava fazia meu coração palpitar e aumentava o ritmo da minha respiração.

Nunca gostei de perguntas sem respostas ou de teorias sem fundamentos. Eu ancorei em algum lugar do passado e observei enquanto alguns navios passavam sem destino por mim.

Me parecia tão mais confortável ficar ali que enfrentar tudo que a vida viria a me oferecer. No final, acho que foi esse meu pensamento mesquinho que me fez esquecer o agora. No final, acho que esqueci que fomos feitos para navegar. 

Por Fernanda Vedana Quando se é uma criança gordinha, baixinha e dentuça, a vida já começa como um desafio. Se acrescentarmos, ainda,...

Por Fernanda Vedana

Quando se é uma criança gordinha, baixinha e dentuça, a vida já começa como um desafio. Se acrescentarmos, ainda, um aparelho dentário e óculos à equação, resta apenas uma certeza: você vai voltar da escola chorando. Entre os muitos traumas que guardo dessa época, o pior deles, sem dúvida, eram os 20 minutos diários de recreio. 20 minutos inteiros. O sinal tocava e, um a um, os colegas levantavam de suas cadeiras e se uniam a um grupo em uma parte diferente da sala de aula. Já eu, não tinha um grupo. Se me tornasse muito evidente, o ataque era certo: gordafeia. O segredo era tornar-me invisível: 20 minutos de invisibilidade por dia. De algum banco isolado, observava os coleguinhas dentro de seus grupos: vestiam-se e falavam de uma forma muito parecida, gritavam uns mais alto que os outros, e todos ao mesmo tempo... Corriam desgovernados, chocavam-se, riam e voltavam a gritar. Nesses momentos, experimentava uma espécie de sentimento paradoxal, que acabou por acompanhar-me por toda a vida. Era um dever de pertencimento, uma sensação de que, por não fazer parte de um daqueles grupos, eu não era normal, acompanhado de pouca – ou quase nenhuma – vontade de concretamente unir-me às tais panelinhas. De certa forma, sempre associei o direito a ser estranha com a liberdade de ser quem sou e, por isso, conservei como meta sobreviver à escola, sem deixar que minha estranheza fosse subtraída. Foi uma liberdade cara: muitos gordas e muitos choros e lanches comidos no banheiro da escola. Grandes grupos não gostam de gente que destoe, existe uma ameaça velada na liberdade daquele ser que não coopera.

Na hora do recreio, no pátio da escola, ou você tem a sua panelinha, ou você está só. E o mundo é uma selva, não há piedade ou perdão para quem não dança a dança.
Esse tempo passou e a vida tornou-se uma espécie de “equação de vidas”: temos uma vida pessoal, uma vida profissional, uma vida social, uma vida política, uma vida espiritual, etc. Em cada uma dessas vidas, experimentamos um estágio de maturidade, em função das diferentes experiências e dos aprendizados. No entanto, conservei, em todas elas, o velho hábito da estranheza: observar aos demais, entendê-los, sem nunca pertencer-lhes. Em um desses meus exercícios de observação, comecei a perceber que, em um aspecto particular da vida, meus colegas ainda não haviam saído do pátio da escola: a vida política ainda está a acontecer por lá. Temos grupos bem definidos e você pode escolher o seu. Feita a escolha, é hora de começar a gritar, correr, vestir as cores do time e repetir o script. Os professores e diretores da escola tornaram-se o Estado, de quem nos cabe enfrentar, reclamar.

         Existe, no entanto, um pequeno – e grave – problema neste ponto: quando se é criança, há a quem reclamar. Você volta para casa e chora para sua mãe ou para o seu pai e cada dia é um recomeço, em que o ontem não existiu. Saímos do pátio da escola e colapsamos aos perceber que não há mais ninguém para chorar nossas penas: o que você faz e fala é problema seu, você é a última e única instância de seus atos políticos. Quer dizer, o problema não é exatamente seu... Quando a arena é a política, o problema é nosso, o seu voto decide a minha vida. Aqui, agrava-se significantemente o problema: damos o poder de decisão e responsabilidade às crianças que ainda estão a dividir o mundo em panelinhas que medem força no pátio da escola, como se houvessem pais, professores e diretores que fossem seus responsáveis e protetores. Aquela criança que normalmente se identifica por ser maior, mais bruta e falar mais alto que todos, então, vem à tona: o bullying. Ele grita: “o meu grupo é melhor que o seu”, os demais gritam junto. O campeão é quem gritar mais alto, ganha um ponto na gincana.

           Parece trágico, especialmente se não há um grupo bom para pertencer. Mas, calma: já criaram uma solução para esse exato problema. Para que não tenhamos que entrar compulsoriamente em um grupo e vestir suas cores, ou para que não tenhamos que gritar mais alto que os outros para nos fazer ouvir e, assim, para que possamos seguir conservando nossas estranhezas na vida adulta, quando já não podemos mais ser invisíveis, criou-se um mecanismo interessante: o nome é democracia. Com a tal da democracia, apenas por existir como um ser humano, você já tem direitos. Um deles é o direito a votar, ou seja, você observa o mundo desde seu ponto de vista e tira suas próprias conclusões. Com base nessas conclusões, você faz escolhas pessoais. Para a democracia funcionar, no entanto, há um porém: temos que realmente sair do pátio da escola, perceber que não há um professor bom ou mau, um colega bom ou mau para fugir ou seguir... Estamos sós e livres, para criar nosso próprio uniforme e nossas próprias falas. Somos responsáveis. Basta, para isso, não querer fazer parte – ou melhor, abominar a ideia – de enquadrar-se no grande grupo “massa de manobra”.

         O tempo do recreio passou, as panelinhas foram substituídas por panelaços, o professor virou prefeito e nós, os responsáveis. Gostando ou não, a democracia está aí, e ela cobra independência de pensamento e responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Não há pai ou mãe para chorar nossas penas, ouvir nossos prantos. Não há herói, nem tirano. Há apenas muitas estranhezas, de igual valor, pessoas com mundos particulares, repletas de necessidades, problemas e incertezas que são apenas suas.

         Termino a presente crônica com um trecho de autoria de Bob Dylan[1], em que nos lembra da importância em mantermos verdadeiras conversas, ou seja, ouvirmos e sermos ouvidos, cada um a partir de seu ponto, para que possamos construir juntos nossos próprios e novos castelos: Sim, sou um ladrão de pensamentos/não um caçador de almas, juro-vos/construí e reconstruí/sobre o que espera/porque a areia nas praias/recorta muitos castelos/naquilo que foi aberto/no tempo que me antecedeu/uma palavra, uma brisa, uma história, uma linha/chaves no vento para o meu espírito vagabundo/que dá aos meus pensamentos uma corrente de ar fresco/não me ocupo dessas coisas, sentar-me e meditar/na perda e na contemplação do tempo/para pensar pensamentos que ainda não foram pensados/para pensar sonhos que ainda não foram sonhados/ou ideias novas ainda não escritas/ou palavras novas que rimariam.../e desprezo as regras novas/porque ainda estão por fabricar/e grito o que canta na minha cabeça/sabendo que sou eu e outros meus iguais/que as faremos, a essas novas regras...


Odeio sentir-me de volta ao pátio do colégio, com quase 30 anos. Façamos nossas novas regras, a partir de nós mesmos, como indivíduos adultos, responsáveis e estranhos, únicos em nossos pensamentos e desejos.






[1] (DELEUZE, Guilles; PARNET, Claire. Diálogos. Relógio D’Água Editores: Lisboa, 2004, p. 17. citando Bob Dylan)

Por Renan Peruzzolo Ideologia Compositor: Cazuza/Roberto Frejat Meu partido É um coração partido   E as ilusões estão todas ...


Por Renan Peruzzolo
Ideologia
Compositor: Cazuza/Roberto Frejat

Meu partido
É um coração partido 
E as ilusões estão todas perdidas 
Os meus sonhos foram todos vendidos 
Tão barato que eu nem acredito 
Eu nem acredito 
Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) 
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"

      Por Myra Soarys       Manoel morreu na calçada fria.       De uma noite de setembro.       Não teve velas na sua morte.     ...

      Por Myra Soarys

      Manoel morreu na calçada fria.
      De uma noite de setembro.
      Não teve velas na sua morte.
      Somente sentiu a alma corroída
      Pelo vento.

      Maria também morreu.
      Assim… como José, Pedro e o senhor João.
      Alguns sofreram com a fome.  
      E de tanto gritar, esbravejar.
      Por um pedaço de igualdade nesta nação.

      E é assim que vem a surgir.         
      Uma sociedade cicatriz…  
      Esbarrados, marcados,
      Batizados de humanos.
      Na corja do mundo infeliz

      Uma sociedade cicatriz…
      Que se reinventa pra viver.
      Que mastiga o desrespeito todos os dias.
      Sem conseguir dar engolidas no poder.
      No poder de ser feliz.
      E poder dizer pra si mesmo…
      Foi essa vida que sempre quis.
     
      Porém nada assim realmente é.
      Muitos não podem saborear a liberdade da vida
      Com sua própria colher.
      Tem que esperar ser dada na boca.
      E engolir o que vier

      Percebeu? Você… Sim você! Humano sofrido.
      Que nasceu na gaiola feito pássaro.
      …um ser escondido.
      Com todos, nossos, vossos meios.
      Somente vontades maiores de matar o inimigo:
      A indiferença, a fome, a guerra o frio.
      A falta de educação a falta de abrigo.

      Nesse projeto de vida ninguém quer liquidação.
      Não querem preços sugeridos de quanto querem pagar
      Pra tal da liberdade… meu irmão.   
      Envolvidos tanto assim, tão rápido, tão ligeiro, 
      Esse desmantelo. 
      Isso é o movimento de uma sociedade sequelada.
      Uma sociedade espancada pela elite.
      E sempre desrespeitada.

      Está latejando a fome, ela grita! Na barriga murcha de falta de pão.
      Mesmo que imundos, salvam…
      Pedaços de alimento. Largados no chão.
      Por que isso?
      Digo-lhe.
      Falta-lhe um tostão.
      Pra abastecer a si mesmo e, quem sabe, seus sete irmãos.

      Está dolorida, as pernas de Mané, que Caminha pra a tal educação.
      Destino traçado? Sim… 
      O colégio, o templo de aprovação.
      Sem estrutura. Lá pode até encontrar.
      Falta tudo, menos vontade de sonhar.

      Ele só deseja um futuro, futuro de sonhos, que o mundo finge não ver.
      Não sabem que mora nele, a vontade de ser.
      Ele quer ser médico
      Ou só simples carpinteiro.
      Não importa o destino.
      Porque ele não desiste.
      Ele é brasileiro.

       

Por  Yuri Lawrence de Oliveira Carvalho Realidade é o campo onde as ações se realizam, onde tudo ocorre, acontece e se transforma...


Por Yuri Lawrence de Oliveira Carvalho

Realidade é o campo onde as ações se realizam, onde tudo ocorre, acontece e se transforma.
Realidade é o campo fenomênico das manifestações, da destruição e construção. Onde o NADA está em repouso e o TUDO está em movimento.
Onde TUDO que acontece está além da dualidade, além do bem e do mal. A natureza, por exemplo, quando chove é bom e ruim, tudo irá depender de nós, de você, pois apenas chove. Nós que atribuímos valor.
Constantemente na fraqueza, nós procuramos o espiritual, porque sentimos que a vida é insuportável e o ruim de viver.
Muitos dos acontecimentos, o homem é o responsável e o motivador e por isso tem que arcar com as consequências. As tentações são fortíssimas, atraentes e temporais. Elas estão mais do lado material.

por  Fábio Fleck  Alguma vez você já se perguntou o que é a música? E já se perguntou o que é a arte?   Neste pequeno texto, preten...

por Fábio Fleck 

Alguma vez você já se perguntou o que é a música? E já se perguntou o que é a arte? 

 Neste pequeno texto, pretendo levá-lo a uma breve reflexão sobre o que é a Música, o que é a Arte e como se dá a relação de ambas e suas classificações básicas - iniciais-.

Não é de meu interesse aprofundar nenhum tema aqui exposto, a pretensão é apenas convidá-lo a uma básica reflexão, para que com isso, você possa pensar estas duas palavras, sob novas perspectivas, não necessariamente as apontadas aqui, mas sim, obter um novo caminho e tentar conduzir-se nestas “novas vias”, as quais você pode, talvez, chegar apenas realizando o exercício proposto de deixar-se levar por esta interpretação livre.

por Jorge Ondere Escrever sobre um tema de grande complexidade, a saber, o suicídio, pelo viés de Albert Camus, filósofo francês cuj...


por Jorge Ondere

Escrever sobre um tema de grande complexidade, a saber, o suicídio, pelo viés de Albert Camus, filósofo francês cuja filosofia também é complexa, é tarefa, deveras, difícil; entretanto, a tentantiva desse escrito tem como objetivo realizar algumas reflexões advindas da leitura da obra “O Mito de Sísifo”. Ainda que tal objetivo esteja longe de ser alcançado, pretendo, por meio desse espaço, divulgar a obra, compartilhar um pouco de minhas reflexões e espero, ao menos, suscitar algum interesse no leitor pela filosofia camusiana (link para acessar a obra segue nas referências). 


Nesse parágrafo, escrevo o modo de como me organizei para expor o pensamento. O delineamento segue assim: 1) serão mostrados índices acerca do suicídio a partir do noticiário e das notícias; 2 )irei expor o que compreendi acerca da máxima camusiana “Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio”; 3) a partir de 2, tentarei conceituar aquilo que Camus entende por “absurdo”, pois este tem relação intrínseca ao suicídio no sentido de que, para o filósofo, a morte voluntária é a solução para a condição de absurdidade do humano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2014, mencionou que a cada 40 segundos ocorre um suicídio, em média, isso resulta em um milhão de suicídios por ano. No Brasil, o índice de prevalência tem aumentado; em 2014, o G1 divulgou que o país está em oitavo lugar; o Rio Grande do Sul, em 2013, era o primeiro estado. Esses dados conferem significativa preocupação, gerando o engajamento de profissionais de diferentes áreas para o desenvolvimento de pesquisas, trabalhos e tratamentos que possam propiciar um retorno positivo à humanidade.  

Logo no início do Mito, o filósofo escreve: “Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia” (Camus); os demais problemas como, por exemplo, quantas categorias tem o ser, se a alma é o homem e etc são secundários. Penso que Camus não está insinuando que estes problemas secundários não são considerados sérios no sentido de serem insignificantes, mas, sim, pelo fato de que, se não há vida, não há filosofia; por isso, julgar se a vida vale a pena ou não ser vivida é fundamental, pois a filosofia e seus problemas dependem dessa resposta e é nesse sentido que esse problema é realmente sério. Considerei-o, a partir da leitura, de originário. A partir daquilo que consegui refletir, esse problema me remeteu à Metafísica aristotélica. Em Alfa, Aristóteles refere que, no momento em que a humanidade garantiu a sua sobrevivência, pode filosofar, sendo assim, a vida originou a filosofia, de acordo com o filósofo grego, a “sabedoria começou a ser buscada quando já se encontravam satisfeitas todas as necessidades”. Nas próprias palavras de Camus “cultivamos o hábito de viver antes de adquirir o de pensar” (Camus). Portanto, é necessário cultivar a vida. Vale ressaltar que, segundo o dicionário, um dos significados de cultivar é “preparar e cuidar a terra para que produza”, então, se vale a pena a vida ser vivida, então, ela é preparada e cuidada para possibilitar a produção filosófica e a própria ação de pensar; caso contrário – se não vale a pena -, a filosofia e o pensamento não tem terreno para florescer.

Para Albert Camus, o filósofo, “para ser confiável, deve pregar com o exemplo”. Viver ou não viver: a vida vale a pena? A resposta é o gesto definitivo. Isso me fez refletir acerca do quanto o filósofo tem responsabilidade por suas ações, pois estas são o exemplo. Para mim, isso implica em uma postura ética. Somos responsáveis não só por cultivar a vida; também, por exercer a atividade filosófica tanto do problema fundamental (o suicídio) quanto dos problemas secundários.

 O ponto chave é que, para Camus, pensar implica, necessariamente, em se deparar com o absurdo, ou melhor, vivenciá-lo. Pelo que compreendi, o absurdo, nesse caso, é no sentido de ser uma condição na qual o indivíduo vivencia ao pensar. Este conceito, para Camus, significa aquilo que é incompreensível, que é impossível dar um sentido claro e preciso, em outras palavras, o absurdo ocorre quando o homem confronta o mundo e a si mesmo e, o que advém desse estado fronteiriço (pois um dos significados de confrontar, no dicionário, é fazer fronteira, por exemplo, minha casa confronta a rua, ou seja, faz fronteira com a rua), é a consciência cuja atividade é o pensamento absurdo, ou seja, ausente de sentido. No entanto, para significar e, dessa forma, atribuir sentido, o indivíduo confronta o mundo e a si mesmo fazendo enlaces com aquilo que lhe é desconhecido: é assim o pensamento. Desistir disso é desistir da vida. Em outras palavras, a questão é: vale a pena viver o absurdo quando se faz fronteira com o mundo e consigo mesmo? Ora, se o cultivo da vida propiciou o pensar, e pensar implica na condição de absurdidade, negá-la é negar a vida, conforme Camus “o suicídio é uma solução para o absurdo”. Por isso, o absurdo é o ponto de partida, “começar a pensar é começar a ser minado”, em outras palavras, “é a lucidez diante à existência que pode levar o homem à rejeição do existir” (Pimenta).

A questão que fica é: até que ponto o pensamento é minado? O quanto suporta o absurdo? O filósofo refere que há uma interrogação constante: vale a pena a vida ser vivida ou não? É como se fosse uma oscilação: abandona-se a condição incompreensível (do absurdo) ou se convive com ela? Esse questionamento, para Camus, é do indivíduo consigo mesmo e com o mundo: ora compreende a si mesmo, ora não; ora compreende o mundo, ora não. Isso porque, para o filósofo, os sentimentos profundos tem significado para além da consciência, e os sentimentos profundos são da absurdidade; portanto, o sentimento de absurdo tem significado para além da consciência (é incapturável). Quando Sísifo, empurrando a pedra morro acima, está alcançando o cume da montanha, eis que ela rola para o ponto de partida, isso ocorre infinitamente: é o seu castigo (ver vídeo nas referências).

Para descrever o absurdo do indivíduo consigo mesmo e de si com o mundo, penso que Dostoiévski pode auxiliar nesse sentido (ressaltando que Albert Camus tem, como grande influência, esse escritor russo):

“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em grande segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até de si próprio”. Penso que tal medo é a vivência da absurdidade advinda do pensamento que o indivíduo faz na tentativa de desvendar seu próprio Eu.

“Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso, trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”. No contexto da presente discussão, penso que podemos substituir o vazio por absurdo e a gaiola por suicídio.

Em síntese, a condição humana, para Camus, está impossibilitada de compreender com clareza o sentido do mundo e da vida em função do conflito existencial advindo da consciência. O estado fronteiriço resulta no absurdo. Apesar de nunca ser resolucionada – a não ser que se declare que a vida não vale a pena -, sempre há renovação nessa condição, pois a persistência e coragem de desvendar a absurdidade de si e do mundo é que permite a vida. É como se fossemos estrangeiros em nossa própria terra, como se sentíssemos estranheza naquilo que nos é familiar, como se fossemos espectadores atuando em cima do palco, como se concretizássemos no âmbito do simbólico e simbolizássemos na concretude, como se fôssemos os espaços vazios do átomo preenchendo o Eu e o Mundo. Assim, tendo essa impossibilidade, ocupa-se “sempre de representar cada vez melhor” (Camus); é uma continuidade para “entrar o mais fundo possível”, conforme o filósofo.

Referências Bibliográficas:

Albert Camus. O Mito de Sísifo: Ensaio sobre o absurdo. Em http://lelivros.website/book/baixar-livro-o-mito-de-sisifo-albert-camus-em-pdf-epub-e-mobi/.
Pimenta, Danilo Rodrigues. A postura camusiana perante o suicídio físico. Fragmentos de Cultura, v. 22, n. 3. p. 281-288, 2012. Em http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/existenciaearte/A_Postura_Camusiana_Perante_o_Suicidio_Fisico.pdf.
Vídeo sobre o Mito de Sísifo: https://www.youtube.com/watch?v=aAbFMk_uw0k.
Centro de Valorização da Vida: Ligue 141 para atendimento. 
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